Esse é o titulo de um livro década de 70, da grande escritora Heloneida Studart que através de pequenos textos e imagens falava sobre a condição da mulher, seu corpo, sua representação, de forma bem chocante. E hoje pensando a representação da mulher na mídia, pensando sobre seu papel na sociedade, na vida publica, vejo o quanto o titulo do livro da Heloneida ainda cai como uma luva: mulher objeto de cama e mesa.
Algumas pessoas dizem que a luta das mulheres é passado, que hoje tudo ja foi conquistado, bom.. Um pouco de conhecimento da realidade nos mostra que estamos muito longe do "tudo". Ainda ganhamos menos que os homens, temos somente 9% de representação na câmara de deputados, nos últimos 3 anos cerca de 40 mil mulheres foram assassinadas no pais. Para nós mulheres, nessa sociedade ainda nos é reservado o lugar de puta ou esposa mãe. Somos vitimas de constante violência, não somente violência física, mas de todo tipo de violência de gênero, passando pela imagem estampada nas revistas, apresentadas nos mais diversos programas.
Desde pequenas somos educadas para ocupar nosso espaço, que é o espaço privado, somos educadas para isso, já bati diversas vezes na tecla de que oferecemos para nossas meninas brinquedos que a condicionem para desempenhar o papel de dona de casa e mãe, desde a mais tenra idade, são fogãozinhos, filhinhos, panelinhas, maquiagem, saltinhos, criamos princesas para viverem esperando o príncipe encantado tomar conta delas, incentivamos e cobramos desde cedo que as meninas arrumem namorados, e estes se tornem maridos o quanto antes, e depois nos surpreendemos porque temos tão poucas mulheres conquistando espaço na vida publica. Ate o inicio dos anos 2000, ainda constava no nosso código civil a expressão "mulher honesta", voltando um pouco ainda tínhamos a declaração de que se um estuprador se casasse com a vitima, ele não seria processado.. Ainda temos juizes que acreditam que mulheres que andavam a noite nas ruas, ou usavam uma saia curta "provocavam" o estuprador, ou que o estupro poderia ser como uma “cortesia” para uma “solteirona”. Essa semana o pai e a mãe de uma menina encontraram ela namorando na praça, o pai espancou a menina de 14 anos, depois foram dormir tranquilamente, e a menina MORREU de madrugada. Cenas como esta...
tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinha da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os dois irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem. (Heloneida Studart)
...ainda se repetem no Brasil, tenho certeza que você ja viu alguma historia parecida e isso é inadmissível!
A luta das mulheres esta muito, muito longe de acabar! Ainda somos fortemente representadas na mídia como objeto de cama e mesa e mais triste disso muitas, muitas mulheres acreditam que são meros objetos de cama e mesa, acreditam que esta é a sua opção, sua escolha. Muitas vezes o expor o corpo, vem disfarçado de "liberdade", e na verdade a opção é a falta de real opção. Lembre-se: putas ou esposas-mães.
Propagandas:
Televisão:
Ja conquistaos muito? Sim!!! Graças a luta das mulheres, conquistamos muito, mas ainda temos uma longa estrada! 9% de representação politica passa longe da equiparidade de gênero, 40 mil mulheres assassinadas em 3 anos, passa muito longe da perspectiva da não violencia.
Temos um longo caminho pela frente! Caminho de luta e empoderamento das mulheres!
"Liberdade: ou é para tod@s ou é tudo por nada!"
Referência:
Estupro. Crime ou "Cortesia"? Silvia Pimentel, Ana Lúcia P. Schritzmeyer, Valéria Pandjiarjian, Sergio Antonio Frabris Editor. 1998.
STRECK, L.L. Artigo: O imaginário dos juristas e a violência contra a mulher: da necessidade (urgente) de uma crítica da razão cínica em Terrae Brasilis, ESTUDOS JURÍDICOS, Vol. 37, nº 100, maio/agosto. 2004.
A luta das mulheres esta muito longe de dar-se por satisfeita. Axo q as pessoas q dizem que ja conquistamos tudo, estao totalmente alienadas da sociedade e da realidade. Eu acredito que temos duas lutas. Uma cotra a sociedade patriarcal e suas artimanhas de manutenção de poder e submissão das mulheres e a outra luta com nos mesmas, para recuperar-mos nossa identidade, nosso valor. Precisamos restaurar e reencontrar nossa identidade. Oimo Texto.
ResponderExcluirOLá seu blog foi premiado com o selo de qualidade.
ResponderExcluirVisite meu blog e saiba mais . EU INDIQUEI VC .
Parabéns
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